O luto é algo inerente e intrínseco a qualquer ser humano. Ele ocorre quando um vínculo afetivo é rompido de forma abrupta e geralmente está associado à perda de uma pessoa querida. Entretanto, o luto também pode ocorrer ao término de um relacionamento amoroso ou à perda do emprego, por exemplo.

 

Quando há este rompimento, inicia-se uma jornada emocional de 5 fases, de acordo com o retratado no livro da psiquiatra Elisabeth Kübler-Ross, ‘Sobre a Morte e o Morrer’, há 50 anos. 

 

Estas fases são compostas pelas seguintes etapas: negação, raiva, barganha, depressão e aceitação, fazendo com que a pessoa passe por um longo processo até a cura daquela dor. Por isso, não é incomum ver pessoas enlutadas (que estão em luto), chorando demasiadamente e fazendo-se perguntas como “por que isso aconteceu comigo?”; “não é justo”, etc.

Pode ocorrer uma perda momentânea do ‘brilho da vida’, gerando uma perda de interesse pelo dia a dia e puxando sentimentos tido como negativos, pela raiva, frustração e culpa, além de ansiedade, irritabilidade e medo.

Passar pelo luto e suas fases é preciso, não sendo saudável evitá-lo distraindo-se e fingindo que ele não existe, pois isso pode ocultar uma ferida que pode vir mais tarde como um trauma. Quando isso se perdura demais, no entanto, pode ser hora de procurar ajuda profissional para conseguir recuperar o bem-estar e ânimo para a vida. 

Negação, raiva, barganha, depressão e aceitação: as fases do luto

1. Negação

A primeira reação esperada à uma perda é negar que ela ocorreu. Rejeitamos o fato de dizemos a nós mesmos que aquilo não aconteceu, que é um pesadelo, ou que aquilo era impossível de se suceder. Esta acaba sendo a reação natural da nossa emoção para protegermo-nos da dor. Recusamo-nos a acreditar, pois aquilo traria sofrimento, portanto, rejeita-se aquela realidade.

2. Raiva

Quando começa a assimilação do fato como sendo verdade, superando a negação, outros sentimentos tendem a povoar as emoções do enlutado, chegando a culpa, medo, angústia e raiva. A pessoa tende a revoltar-se por aquilo ter acontecido, já que, por mais que aceitou, ainda vê o ocorrido como algo injusto e que ninguém fez nada para que aquele desfecho mudasse, talvez nem ela mesma. Então, ela pode martirizar-se sobre ações que poderiam ter sido tomadas para um outro rumo da história, gerando grande angústia. Pode ocorrer um estado mental um pouco descolado da realidade e, dependendo da personalidade, a pessoa pode parecer incontrolável, com atitudes de autodepreciação ou autodestruição.

3. Barganha

Na terceira fase do luto, há uma tentativa desesperada de reaver aquilo que foi perdido. É quando a pessoa tende a retomar um pouco de consciência e pensar o que ela pode fazer para mudar aquela situação de alguma forma. No caso de morte, há uma tentativa de pedir a pessoa de volta às entidades dívidas ou forças superiores. Em término de relacionamento, a pessoa tende a tentar falar com o parceiro ou parceira ou ainda procurar pessoas próximas a ele ou ela para tentar encontrar uma forma de reverter a situação. Promete-se coisas, através de comportamentos ou ações futuras em troca do que se perdeu de volta.

4. Depressão

Se o luto fosse como uma escada, a primeira fase seria um degrau alto e a depressão o seu degrau mais baixo. É nesta fase que a pessoa tende a assimilar muito mais a tristeza, que pode durar dias ou semanas. É aqui que a dor e o sentimento da perda é revivida constantemente nas lembranças, objetos e atitudes. Encara-se o vazio da perda e os sentimentos de solidão e tristeza profunda costumam ser os companheiros. Na depressão do luto, pode haver um afastamento de pessoas queridas e de atividades que davam prazer. Também pode haver alterações de sono e apetite, tanto para mais quanto para menos. É quando o vazio da perda enche-se de lágrimas, internas ou externas. Dependendo do histórico do enlutado ou da proporção da perda, a ajuda profissional é bem vinda, a fim de promover uma melhor convivência com aquela dor e mitigar a possibilidade do surgimento de um quadro de transtorno depressivo maior. O apoio de amigos e família, de modo gentil e próximo, não na linguagem do ‘sai dessa e fica feliz’ é muito importante.

5. Aceitação

Na última fase do luto, a aceitação, é hora de seguir em frente definitivamente. É quando a pessoa percebe que não vai mais conseguir voltar no tempo e ter de novo aquilo que perdeu ali por perto, mas que vai tocar sua vida sem aquela presença. Não esquecendo da companhia ou das coisas boas, pelo contrário, levando aquilo com muito carinho na memória, mas conseguindo tocar a vida como antes. É normal que mesmo após a aceitação venham lembranças, alguma tristeza momentânea e saudosismo, mas nada que paralise a pessoa. Aqui, é quando aceita-se a perda de uma vez por todas e vive-se com isso, como um ferimento que antes era aberto, mas que cicatrizou, não doendo mais involuntariamente como antes, só que a sua marca está ali.

Conseguir lidar com o luto e suas fases é importante

Mortes e perdas ainda são um tabu para muita gente, mas o processo de luto vai acontecer sempre que algo dessa natureza ocorrer. Isso faz parte do ser humano, é nosso.

 

Estar preparado para as perdas não é deixar de senti-las quando elas chegarem, mas é estar ciente de seus sentimentos por si mesmo e pelos outros, do seu lugar no mundo e que você é uma pessoa que segue a sua vida, colecionando lembranças e memórias, cruzando histórias com outras pessoas.

Há quem sinta mais e quem sinta menos, mas o luto sempre vai existir e precisamos falar sobre isso, até mesmo para saber quando procurar ajuda quando ele é duradouro demais, o que pode indicar uma depressão que precisa de ajuda profissional.

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